Um campo de batalha com milhares de soldados feridos, abandonados à própria sorte, por falta de assistência médica. Esta terrível visão, em junho de 1859, no campo de Solferino, Norte da Itália, inspirou no suíço Henry Dunant a certeza de que algo precisava ser feito. Este sentimento foi a semente da Cruz Vermelha. Naquele momento, ele mobilizou a população local para que o ajudasse a tratar os soldados de ambos os lados, dizendo a frase que se tornou mote da instituição: "Sono fratelli", ou "são irmãos".
Três anos mais tarde, Dunant publicou o livro "Uma Recordação de Solferino", sugerindo que fossem constituídas sociedades de assistência em tempo de paz, com enfermeiros que tratassem dos feridos em tempos de guerra, e que estes voluntários fossem reconhecidos e protegidos por meio de um acordo internacional. Criou-se então o "Comitê Internacional para a Assistência aos Feridos", mais tarde renomeado para Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Um ano mais tarde, em 1863, os representantes de 16 países e quatro instituições filantrópicas reuniram-se em Genebra, em uma Conferência Internacional, marcando a oficialização da Cruz Vermelha como uma instituição. Ainda faltava, no entanto, a garantia de que este serviço fosse reconhecido e respeitado internacionalmente. Com este objetivo, o governo suíço convocou uma Conferência Diplomática que se realizou em 1864, também em Genebra. Participaram os representantes de doze governos, que assinaram um tratado intitulado "Convenção de Genebra para o Melhoramento da Sorte dos Soldados Feridos nos Exércitos de Campanha", reconhecido como o primeiro tratado de Direito Internacional Humanitário.
Posteriormente, foram realizadas outras conferências, ampliando o direito básico a outras categorias de vítimas, como os prisioneiros de guerra. Esta decisão foi muito importante e deu novo impulso à Cruz Vermelha por ocasião da Segunda Guerra Mundial (1939 à 1945), repercutindo também no Brasil. A busca de paradeiro de parentes dos estrangeiros residentes no País tornou-se uma tarefa de grande importância. Após a Segunda Guerra Mundial, uma conferência Diplomática adotou as quatro Convenções de Genebra de 1949, depois de reunir-se durante quatro meses. Estas Convenções incluíam, pela primeira vez, disposições relativas à proteção de civis em tempo de guerra.
Atualmente a Cruz Vermelha é composta por 171 Sociedades Nacionais em 171 países, contando com mais de 350 milhões de voluntários, regidos pelo mesmo estatuto, princípios e finalidades. Seu objetivo é atuar nos conflitos armados internacionais, entre as forças armadas de um ou mais Estados, e nos conflitos armados nacionais, entre as forças armadas regulares e grupos armados identificáveis, ou ainda entre grupos armados. Distúrbios internos, tais como manifestações, lutas entre facções ou contra o poder estabelecido, também justificam as ações da Cruz Vermelha. Para agir nessas situações, o CICV apóia-se em bases jurídicas e no direito de iniciativa humanitária atribuído a ele pelos Estados.